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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Nas Nuvens

Pela quarta vez na minha vida estive na Madeira, a segunda este ano, estive lá em Maio, fui de barco e levei a minha Mota.
Foi a minha terceira “aterragem” no aeroporto do Funchal. Ainda recordo as que lá fiz em 79 e 80 do século passado. Que diferença a sentida. Ainda bem, em nome da segurança.
Espero ainda, mais vezes lá aterrar, não quero morrer sem “viver” pelo menos uma passagem de ano no Funchal.
Visitei os mesmos locais que já tinha visitado de mota em Maio, (mais, desta vez até a praça / mercado do Funchal visitei, coisa que nunca fiz na terra onde vivo), mas isso se impunha, e afinal reviver / visitar coisas lindas é sempre bom, ia com um grupo de colegas de trabalho, treze no total, para muitos a primeira ida à Madeira, e para alguns, creio que dois, foi mesmo o baptismo de voo. Há muito que tínhamos combinado o jantar na Madeira, tínhamos tudo organizado: viagem e alojamento pago e os carros de aluguer reservados.
Correu tudo bem e todos gostámos. Ficámos com a vontade de repetir um novo passeio, outra jantarada, a um outro qualquer bonito local.
Todos adoraram as vistas das alturas: Pico dos Barcelos, Miradouro da Eira do Serrado, Cabo Girão, etc…as vistas impressionam, assustam mesmo os mais medrosos.
Eu andei sempre nas alturas, nas nuvens, acima das nuvens…, onde estas paisagens me transportaram…
Chegados a Lisboa, por volta das 20 horas do dia seguinte ao da partida, e como já adivinhado, dividiu-se o grupo nas decisões. Como amigo não empata amigo, cada grupo decidiu o seu destino, afinal a grande maioria “apenas” tinha que estar presente no dia seguinte, em Sines, pelas 8 horas, no complexo petroquímico numa acção de formação. Como eu estava sozinho, vim só no meu carro, e para aproveitar o facto de estar por Lisboa, tinha telefonado do Funchal, a um Grande Velho Amigo do meu ano de 61, desafiando-o para beber uma copa antes de rumar a V.N. Santo André.
Aceitou, e quando cheguei ao local combinado, fiquei a saber que tinha o jantar em sua casa à minha espera, um magnífico jantar. Como à minha espera para jantar estava a sua Família.
Neste trecho do Zé Morgas aqui fica o registo do meu obrigado, e as desculpas pelo incómodo causado.
Pouco após o início do jantar, novas visitas chegaram a sua casa. Pessoas que conheço, e que me conhecem de pequenino, do tempo do berço. Como diria a minha saudosa avó, -que descanse-carinhosamente tratada por "Ti Conceição Pereirinha", na sua natural e genuína pureza: Gente muito boa e bonita; e digo eu, uma particularmente bela, demasiadamente bela. Mas eis que algo me acontece. Sem querer ser desonesto comigo mesmo, porque também não gosto de o ser com ninguém, tenho que admitir que um inesperado e apertado, não desejado, nó no estômago, quase me impediu de jantar. A melhor e mais apertada banda gástrica, não surtiria semelhante e eficaz efeito. Facto que não passou despercebido a alguém, pois me disse:
- Estás a comer tão pouco!
- É do cansaço da viagem, respondi.
Terminado o jantar, uma breve mas agradável conversa, despedidas, e fiz-me à estrada.
Sem saber porquê, viajava com a sensação de ter “voado” no Paraíso, e só agora, ter começado a aterrar.
Não creio haver caneta que consiga relatar, a felicidade vivida no silêncio do meu olhar. Como Friedrich Nietzsche tinha razão quando afirmou:
Sempre há um pouco de loucura no amor, porém sempre há um pouco de razão na loucura”.
Rolei até Santo André, da forma como tinha andado na Madeira, sempre nas nuvens.
Nas nuvens aprendi uma lição:
O passado não dita o futuro.
E porque, esta passagem pela vida, nada mais é, que umas pequenas férias que a morte nos concede, que devemos aproveitar sem reservas, este fim-de-semana irei até ao autódromo internacional de Portimão, (paragem obrigatória no Rogil para comer uma empadinha e os viciados esfumaçarem um cigarrito) assistir ás corridas do campeonato mundial de Superbikes. E para que possa continuar nas nuvens, comprei um bilhete para a bancada “A”, no ponto mais alto de onde se observa toda a pista. Tenho ainda bem presente a corrida do ano passado, assisti na bancada “TMN”, e o show dado por Troy Bayliss. Foi no final da sua carreira com a equipa Ducati Xerox, onde ganhou 30 corridas e reclamou 19 posições na pole, que Troy nos ofereceu bons espectáculos na pista, que surgiu como uma lenda que irá perdurar, ao vencer dois campeonatos mundiais em três temporadas.
Espírito de equipa, paixão, precisão e tenacidade mental - eram estes os seus pontos fortes. Carismático, falador, aberto e cheio de vida - este era o seu carácter.
Esta época a luta pelo título de Superbike entre Noriyuki Haga (Ducati) e Bem Spies (Yamaha) vai ser renhida uma vez que ambos têm o mesmo conhecimento da pista algarvia e chegam em alta performance ao final do Campeonato, a diferença entre ambos é de apenas 10 pontos.
Espero ver um bom espectáculo. Mas menos molhado que o ano passado, choveu copiosamente.
Na categoria de Supersport a decisão do título vai ser entre o piloto da equipa portuguesa Parkalgar Honda, Eugene Laverty e Cal Crutchlow (Yamaha). Miguel Praia é o único representante luso na modalidade e está determinado em obter o seu melhor resultado da época e terminar num lugar no pódio.
Igualmente este fim-de-semana, realiza-se o MotoGP da Malásia. Basta um quarto lugar para o meu ídolo Valentino Rossi, ser campeão mundial de motociclismo pela nona vez. Quarto foi o lugar que hoje conquistou nos treinos livres.
Sem nunca esquecer os bons conselhos da minha Querida Mãe Maria: “Vale mais prevenir que remediar”, de seguida vou colocar os forros térmicos no meu equipamento, casaco e calças. Se o calor apertar, tenho sempre a possibilidade de tirar ou despir alguma peça. Se o frio começar a rachar, e nada tiver para o remediar, é sofrimento garantido, fisicamente doloroso. Sei o que custa.
Há outros “sofrimentos”, não físicos, "desalmadamente sofridos".
Zé Morgas

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