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domingo, 9 de maio de 2010

El Puerto de Santa Maria 2010

E já lá vão dez presenças consequtivas em El Puerto de Santa Maria.
Este ano sai de Santo André, já com o bilhete no bolso, para a Tribuna X1, fila 18, “assiento 69”, com a promessa feita a mim próprio que iria assistir a todos os treinos e ás corridas do MotoGP, Moto 2 e 125.
Anos houve, em que apenas assisti ao vivo, aos treinos de sexta e sábado. Domingo, as corridas eram vistas na televisão, não pela dificuldade sempre acrescida de acesso ao autódromo, (foram entretanto feitas notáveis obras nas acessibilidades e no parqueamento) mas sim por culpa das violentas e longas noites de sábado, sempre convidativas a excessos e a dormir até mais tarde.
Com o pequeno-almoço já combinado em Santiago do Cacém, na tasca do Diamantino, local onde se degustam as mais saborosas bifanas feitas aqui na zona do litoral alentejano, pelas oito da matina de quinta-feira, dia 29 de Abril, lá compareceram os amigos do costume, e um estreante nestas idas a Puerto, o “Grande Comandante”.
Partimos pelas nove horas.
Decorreu a viagem sem incidentes, paragens apenas para abastecimento, homens e máquinas, chegámos a Puerto cerca das 15 horas locais, com cerca de quinhentos quilómetros percorridos.
Guardadas as motas no parque subterrâneo, mesmo em frente à casa que alugámos, este ano negociámos o valor, 40 €uroses cada mota, de quinta a segunda, descarregou-se o material, (quis o azar, que as asas de um saco de plático cedessem, partiram-se logo ali no parque, duas garrafas de um nectaroso bagaço feito pelo Capitão Espargo e pelo Gabi), transportou-se tudo para casa, e, de seguida abancámos no local do costume:
A marisqueira Romerijo, para beber “unas cañas” fresquinhas e abafar o calor sofrido na viagem. A acompanhar as “cañas” um sortido de petisquinhos.
Decidimos ali, que o jantar seria no restaurante “Méson del Asador”. Combinada a hora, altura para tomar um retemperador banho e mudar de trajes.
Cumpriu-se assim o ritual do primeiro dia.
Sexta-feira, Eu, O Capitão Espargo e o “Grande Comandante”, que não tinha bilhete de ingresso, fomos para o autódromo, à hora de abertura das bilheteiras, um pouco mais cedo que o começo dos treinos livres.
Que sorte!
Conseguiu o último bilhete que havia para a mesma tribuna onde estava Eu e o “Capitão Espargo”. A informação obtida na Net, dava a tribuna com lotação esgotada.
Foi com a mais agradável surpresa que constatámos que os lugares na tribuna eram numa posição privilegiada, via-se quase metade do circuito. Espectacular.
Cada bilhete valia bem os oitenta “Paus” gastos.
Assistimos logo, na primeira volta dos treinos de Moto 2, na curva Ferrari, a um aparatoso acidente, felizmente sem danos para o piloto, mas a mota ficou totalmente desfeita.
Seguiram-se os treinos de MotoGP.
Para minha satisfação, e dos que naquela zona da tribuna estavam, o som dos escapes das motas, a Ducati foi a rainha, assim que enrolavam o punho à saída da “Curva Ferrari”, a gritar até cortar, e meter uma acima, caminhava precisamente na nossa direcção, como igualmente caminhava, quando à entrada da “Curva Ducados”, a curva que acede a recta da meta, lhes jogavam duas ou três abaixo, tornou-se por volta percorrida um encanto acústico de prazer quase orgásmico.
Indescritível os que os ouvidos, ouviram.
Adivinhava-se já o que seria o espectáculo de Domingo, onde todos rolam, sempre que possível, na cola da roda da mota dianteira, com os motores a gritar sem ordem para fraquejar, nos limites absolutos do red line.
Findos os treinos, com uns "escaldões" não desejados, nos braços e pescoço, a temperatura subiu além dos trinta graus, o regresso a casa para almoço.
Connosco, foram de Santiago quatro amigos de carro, dois, como o “Grande Comandante” igualmente estreantes nestas andanças, era a sua primeira vez, em Puerto.
E, um deles, um exímio cozinheiro.
Foi o carro atafulhado com bebida e material de qualidade, para confeccionar farnel até Domingo. Por isso, à nossa espera para almoço um fabuloso arroz de tamboril feito pelo Zé.
A diferença vista, sentida, entre este arrozinho e o feito pelo “Capitão Espargo” no ano passado.
Prontificou-se o “Nosso Capitão Espargo”, a fazer um arrozinho de tamboril. Comprados os ingredientes, peixe e marisco, fresquinhos, na praça local, bem sortida, perto da nossa casa, e vá de meter mãos à obra.
Para surpresa de todos, eis senão, quando puxa do seu telemóvel e liga à Senhora sua Esposa a pedir instruções para confeccionar o manjar. Tudo corria de feição, até ao momento de adicionar o arroz. Era o grupo composto por umas honoráveis nove pessoas, e, à excepção de um, todos bons garfos.
Mas, daí até meter no tacho, grande, sem dúvida, um quilinho e meio de arroz foi um passo.
Nunca ninguém tinha visto um tacho a “produzir” tanto arroz. Uma luta sem igual entre o tacho e o cozinheiro, arroz fora, arroz dentro. Ganhou o tacho. Inundou a placa vitrocerâmica e boa parte da bancada da cozinha.
Mas, valha-nos ao menos, fez e faz, o nosso Capitão, umas omeletas de ovos com espargos silvestres e farinheira, como não se come igual em mais lado algum do planeta, e, decorada com um 46, o número do nosso ídolo Rossi, em salsa fresca. Vê-se a alegria estampada no rosto do Zé, em exibir a frigideira com a obra de arte.
Cozinha com criatividade.
Desta vez, com dois cozinheiros de craveira no grupo, fomos todos os dias presenteados com reais banquetes.
Arroz de tamboril, massinha de peixe, sopa da massinha, bacalhau assado no forno, carne assada no forno, carne frita em manteiga vermelha, sopa de grão e legumes, suculentos bifes ao alho na frigideira, queijos, presunto, chouriça, etc…
E, tintol superior da Fundação Abreu Calado. Para o ano não faltará de certeza uma reserva da "Quinta dos Termos".
Sábado, quase um papel químico de sexta-feira, os treinos livres, passaram a cronometrados, para definição das posições a atribuir na grelha de partida.
Entre treinos, aproveitámos o tempo para as compras e um passeio pelo autódromo.
Chega entretanto Domingo, e as tão esperadas corridas.
As bancadas totalmente apinhadas de gente.
O parque de estacionamento parecia um mar de motas, mais de cem mil.
Sentia-se no ar, que tudo estava reunido para se tornar um memorável dia de “Fiesta”.
Nas 125, corrida disputadíssima como nunca vi, os primeiros dobraram mesmo os pilotos mais atrasados, foi ganha pelo espanhol, Pol Espargaró, piloto da Derbi. Nesta corrida o pódio foi todo espanhol, Nicolas Terol em segundo e Esteve Rabat em terceiro, ambos da equipa Aprilia.
Nas Moto 2, depois de um início atribulado, caíram nove pilotos devido a óleo na pista, a corrida foi mesmo interrompida com a exibição da bandeira vermelha. O impressionante trabalho desenvolvido pelas equipas de limpeza, permitiu, porém, realizar a corrida meia hora depois.
Ganhou com todo o mérito depois de sofrida e renhida corrida, o espanhol Toni Elias, em Moriwaki.
Nas MotoGp, com dois espanhóis a lutar pela vitória, ganhou o Jorge Lorenzo, companheiro de equipa de Valentino Rossi, que averbou o terceiro lugar.
Lorenzo comemorou a vitória de uma forma também nunca vista. Havia no circuito uma charca de água, vulgo uma piscina, para onde resolveu atirar-se. Não fosse a ajuda dos seguranças do circuito e tinha lá ficado. Capacete, botas e fato, tudo ensopadinho em água, dificultaram-lhe a saída e a vida como nunca julgou.
Com esta classificação, obtida em Jerez de la Frontera, passou para a liderança do mundial de pilotos, o Jorge Lorenzo com 45 pontos, ficando em segundo o Valentino Rossi com 41.Dani Pedrosa, que obteve o segundo lugar na corrida, fica na terceira posição do Mundial com 29 pontos.
Para terminar a “fiesta”, foi todo o público brindado com um belo fogo de artifício.
Mas o dia não terminava aqui.
Tinha-mos ainda a esperança, alguns, porque também havia um sportinguista e um portista, de ver o Benfica sagrar-se campeão na casa do dragão.
Sentados numa esplanada, a beber um cognac caseiro, a tentar descobrir onde se poderia ver o jogo, senta-se numa mesa ao lado um casal com uma criança. Ao ouvir falar português, não resistiu o senhor a meter conversa, porque, era português de nascimento. Feitas as apresentações, era, é o marido da senhora que com ele estava, senhora que têm uma loja de motas em Puerto, e onde já fomos “desenrascados” algumas vezes. Aproveitando o facto de tão poucas vezes estar com conterrâneos e falar português, muitas menos vezes ver jogos de bola, e logo com a importância daquele, um empate, fazia do Benfica campeão, ali decidiu, o Gomes, ir connosco assitir ao jogo a um bar restaurante que conhecia.
Levou-nos para a zona de Valdelagrana, ao bar restaurante “El Punto”, sito na avenida de la Paz, nª 3, aberto 24 horas por dia e com serviço ininterrupto de cozinha.
Mais um espaço a juntar à longa lista dos que já conheço por aquelas bandas.
Para azar nosso, Benfiquistas, sorte do amigo que nos acompanhou, portista dos sete costados, irmão do grande goleador bi bota de oiro, Fernando Gomes, o Benfica perdeu por expressivo resultado de três a um, jogando apenas contra dez adversários.
Um dia para esquecer.
De vitórias, nem Rossi, nem Benfica.
Valeu contudo, o petisco que estava bom, e acima de tudo o convívio.
Na segunda-feira, dia de regresso a casa, e tempo ainda para mais uma alegria gastronómica.
Almoçamos no restaurante “O Milho”, em Aldeia Nova de S. Bento, onde a comida estava um must. Cozido de grão, arroz de pato e uma saborosíssima sopa de cação.
A mousse de chocolate, caseirinha, deliciosa, como há muito não me passava aqui pelas papilas gustativas.
Terminámos a viagem a "enxugar umas verdinhas", na cervejaria Covas, em Santiago do Cacém.
Para o ano, a certeza de que lá estaremos, para mais uma valente lestada.
Tempo agora, para com calma, preparar a mota para a grande viagem aos Pirinéus, França, a realizar entre os dias 18 e 27 de Junho próximo.
Com boas curvas.
Zé Morgas

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