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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Estados da Alma - 5

Aqui, algures entre S. Torpes e Porto Covo, espreito o mar, onde já vezes sem conta, o espreitei.
Sinto neste olhar de transe com o mar que as rugas da minha alma se vão, o que me dá alguma frescura e me permite com serenidade a leitura atenta dos jornais e revistas.
Uma das minhas características é ser demasiado organizado, sem contudo ser escravo ou obsessivo da minha organização. Por isso me sobra tempo para o improviso, passear, ver e ouvir o mar, ouvir música, estar só, tempo para o silêncio e para alguma escrita.
Qualquer ser humano prefere viver a escrever. Gosto de escrever neste modesto blogue o que me sai, liberto, sem grande grau de exigência, directo, chamar as coisas pelos nomes com sexo e calão à mistura de forma terapêutica, e sem o respeito pelo novo acordo ortográfico, que me parece um erro de base querer uniformizar uma língua, pois a sua riqueza reside justamente na diversidade. O acordo afasta as palavras da sua raiz e tem demasiadas coisas facultativas ou pouco lógicas.
Como diz o meu Amigo Changoto - "Agora deixa de ser uma língua novilatina e passa a ser uma novimultiforme. Sangraram de tal forma o seu mais típico , a sua vernaculidade e a matriz que, daqui a poucos anos, ninguém vai perceber que a sua mãe foi o latim".
Não quero perder o respeito pela literatura e pelos escritores, pessoas de talento
Neste paradoxo mundo da tecnologia, que cada vez nos aproxima mais de quem está longe, mas que nos afasta de quem está perto, alheio à crise e ao défice do País, que todos os dias é notícia de abertura nos noticiários nacionais, quero em silêncio preocupar-me com a minha dívida afectiva.
Vivemos num mundo onde conta muito a maneira como se fala, se aparece montado e se veste.
Coisas! que dão ”Status”, como me disse um amigo meu há dias.
Depois de uma faustosa jantarada, convidou-me para o acompanhar até à sua casa, queria “enrolar um daqueles que fazem rir”, lavar os dentes e encharcar-se de perfume, antes de iniciar a ronda pela “night”. Para espanto meu, na sala, observei que tinha a Tv sobre o caixote de transporte e, de sofás ou bancos nem vestígios.
Perguntei-lhe a razão de tão espartana decoração, ele que até têm um potente carro alemão, e, em termos de vestuário gosta de acompanhar a moda. Como afirma, se não veste as últimas tendências, pelo menos gosta de rustir coisas recentes.
Confesso que “rustir” não é verbo que faça parte do meu vocabulário.
-Sabes, o recheio da casa não se vê, não dá Status.
Percebi o recado e mais, entendi finalmente porque fala com tanta lamechice sobre a crise no país instalada, e a razão porque qualquer leve tropeçãozinho em pasto seco o derruba
Vivo no lado oposto da mesma linha.
Lá lhe fui dizendo entre o sério e a brincadeira, que por estas bandas a crise ainda não se fez sentir. Pelo que me toca, a escolha entre um carrão ou o conforto do meu ninho optei pela segunda opção. È com enorme satisfação que olho as variadas recordações que trouxe dos locais por onde já andei, são os selos que certificam as minhas passagens, as histórias, os momentos vividos.
Quanto a modas, o que pode um cheiinho corpinho, onde qualquer trapinho assenta bem, exigir? Nada, absolutamente nada, a não ser usar, gastar até à exaustão as fibras da lã e dos tecidos.
Carros… “curto maningue” o meu mobille hotel, Fábrica Ordinária Reparações Diárias.
Os anónimos amores que já ali foram sarados em ambientes de pura ruralidade.
Mergulhado na imensidão do oceano de olhos abertos, com uma revista aberta sobre os joelhos em que não me consigo concentrar, vêem-me ao pensamento depois de começar a ler um artigo intitulado:
Adição: As histórias de uma dependência ainda mal conhecida
Quando tudo se resume a sexo
as palavras que me assolaram há dias com um certo sentimento de culpa, e já não é a primeira vez, na subida da Serra de Grândola:
- Foi a última vez, nunca mais cá volto.
Com a devida vénia ao autor, permito-me a “copiar” o dito artigo:
Seduzir, conquistar, pagar se for preciso. A vida de um viciado em sexo centra-se na busca de parceiros por uma noite. Só quando a vida mergulha no caos se percebe que é preciso parar.
"Não disse nada aos amigos e no trabalho também não contei a ninguém. Se uma pessoa disser que é alcoólico é facilmente aceite pelos outros. Se disser que é toxicodependente, as pessoas percebem que há tratamentos. Mas ninguém compreende que alguém não seja capaz de controlar os seus impulsos sexuais". João (nome que escolheu para ocultar a verdadeira identidade), tem 55 anos e é viciado em sexo. Depois de um internamento numa clínica portuguesa diz que hoje consegue resistir aos impulsos e garante que já não tem relações sexuais há cinco anos. Mas o monstro que lhe consumiu a vida durante quase dez anos ainda vive na sua cabeça: "Tenho vontades. A minha preocupação é tentar fazer outra coisa que me distraia desses pensamentos".
Dependência sexual, desejo sexual hiperactivo, adição. Os especialistas defendem termos diferentes para um comportamento que João define de forma simples: "Durante anos eu só pensava em sexo. Era incontrolável. Recorria a prostitutas, chegava a ter relações sexuais pagas três ou quatro vezes por semana".
A obsessão de João começou pouco depois de o pai ter morrido. Tinha 42 anos. "Recebi algum dinheiro da herança e fiquei a tomar conta do negócio do meu pai. Nunca tinha tido tanto dinheiro e foi isso que me fez perder o controlo". Técnico industrial numa fábrica da região de Leiria, começou a frequentar casas de alterne e a responder a anúncios de prostitutas publicados nos jornais. "Era como um garoto. Nessa altura o dinheiro não era obstáculo, fazia tudo o queria".
João começava a planear ir à procura de uma prostituta de manhã e já não conseguia pensar em mais nada". Tinha de ir. Sentia prazer quando tinha sexo, mas depois ficava arrasado: "Mas que m*, pensava eu. Foi a última vez, nunca mais cá volto". Mentia a si próprio. Voltava sempre, mas nunca à mesma mulher. "Procurava pessoas diferentes. Queria sempre mais, experiências mais fortes, mas acabava sempre infeliz". Fechou a porta a qualquer relação sentimental. "Nunca procurei ter uma namorada. Só queria a satisfação da parte física e para isso tinha as prostitutas".
O mundo de João começou a desmoronar-se quando a família se apercebeu dos desfalques na conta bancária da loja. A irmã confrontou-o e ele não teve como escapar. "Contei-lhe tudo e ela deu-me duas hipóteses: Ou procurava ajuda para me tratar ou então ficava sozinho, sem dinheiro e sem apoio de ninguém".
A escolha não foi imediata, mas João acabou por se render. Aos 50 anos chegou à clínica Villa Ramadas, perto de Alcobaça, especializada em problemas de adição. Nos quatro meses seguintes ficou internado, a reaprender a viver. Hoje diz-se um homem diferente, mas ainda há temores que não passam. "Continuo a não ter namorada e não sei se quero ter. Nunca mais tive relações sexuais, tenho medo do que possa acontecer".
Eduardo Silva, psicólogo, é o responsável clínico da Villa Ramadas. Explica que já receberam cerca de 10 pessoas para tratarem problemas de adição sexual, quase todos homens e na sua maioria estrangeiros. "Fazemos terapias individuais e em grupo, em regime de internamento que pode ir até aos seis meses. Também trabalhamos com dependentes químicos (viciados em drogas) e misturamos os grupos nas sessões terapêuticas. O sintoma da procura do sexo é só o produto final de um vazio que já existe. A pessoa está incompleta". O psicólogo define a adição como "um hábito forte que se transformou em padrão. É problemático quando a vida familiar e profissional se torna um caos. Quem fica obcecado sexualmente mergulha num carrossel de emoções que não consegue controlar".
Luís Duarte Patrício, médico psiquiatra e ex-director do Centro das Taipas – que trata toxicodependentes – alerta para os vários perigos associados a comportamentos sexuais descontrolados. "A adição ao sexo é um comportamento que pode levar à dependência, sobretudo quando a ausência de sexo provoca sofrimento. Podemos falar em síndrome de abstinência, como acontece com as drogas". Um vício nunca é inócuo. O psiquiatra alerta ainda para outros danos, mais imediatos, "quem sofre este tipo de perturbações pode assumir comportamentos sexuais de risco. É fundamental falar de higiene e do perigo das doenças sexualmente transmissíveis".
É uma patologia mais frequente nos homens e associada a pessoas com alto poder de compra. A profissão também pesa: "Profissões ligadas ao turismo, hotelaria ou relações públicas são mais propícias a muitos contactos com outras pessoas, o que pode ajudar à progressão da patologia", explica Luís Duarte Patrício.
Em Portugal, a dependência sexual ainda é um conceito relativamente recente. Santinho Martins, endocrinologista e sexólogo, admite que teve pacientes que se queixaram de sofrer deste problema, mas ele não deu importância. "Eram pessoas que estavam a ser tratadas no âmbito de outras patologias. Na altura não havia muita sensibilidade em relação ao tema da adição sexual e desvalorizei esses comportamentos. Hoje talvez tivesse agido de outra forma", conta.
Os grupos de ajuda mútua, baseados no método dos doze passos – criado para alcoólicos e toxicodependentes – são frequentes noutros países. Em Portugal, existe pelo menos um grupo, a funcionar em Lisboa, que usa um espaço cedido pela paróquia de Santo António de Campolide. O coordenador explicou à Domingo que o grupo "funciona há cerca de três anos e meio e reúne pessoas com vários tipos de adição". Sob a denominação Adictos ao Amor e Sexo Anónimos (com o blogue http://www.aasalisboa.blogspot.com), o grupo tem recebido homens e mulheres que se confessam adictos ao sexo, mas também adictos ao amor – pessoas que vivem relações ou fixações amorosas que as fazem sofrer e das quais não se conseguem livrar. Apesar de se utilizar um espaço da Igreja, não há uma conotação religiosa nas sessões.
"Reunimos todos os domingos. O que faz funcionar o grupo é que as pessoas estão num ambiente anónimo e sentem-se à-vontade para partilhar as suas experiências e ouvir as histórias de outras pessoas que conseguiram ultrapassar o problema", explica o coordenador, que prefere não referir o seu nome. Já passaram por este grupo "cerca de 25 pessoas" com adição sexual, metade dos quais são mulheres. "Já tivemos casos de viciados em sexo com estranhos ou pessoas que recorrem à prostituição e mesmo à pornografia na internet", explica o responsável. Habituado a ouvir histórias de viciados, o coordenador do grupo aponta a dificuldade masculina em aceitar o problema: "A sociedade em que vivemos ainda é muito machista. Se um homem tem sexo com muitas mulheres é vangloriado, o que atrasa muitas vezes a consciência do problema". Mas não sente que as experiências de homens e mulheres sejam diferentes, quer na forma como se comportam durante o período aditivo, quer na forma como encaram a recuperação.
Em Inglaterra, os grupos anónimos de viciados em sexo estão espalhados por todo o país. ‘Mary’, de 51 anos e com dois filhos com idades à volta 20 anos, frequenta um desses grupos há três anos e meio. A inglesa conta à Domingo que tem desde sempre "uma longa história de "infidelidade mental, fantasias sexuais e paixões". ‘Mary’ confessa-se viciada em pornografia e erotismo literário, o que a levou a dar o passo seguinte – um dia, as intenções passaram à prática e dormiu com um colega de trabalho. "Estava casada há 20 anos e fiquei muito chocada por conseguir fazer uma coisa tão fora do meu código moral. Não tinha o menor sentido de culpa, estava preparada para mentir e enganar. Deixei o meu trabalho, pensando que isso seria o fim da relação extraconjugal, mas percebi que não conseguia deixar de ver o meu amante".
Viu na televisão reportagens sobre adictos sexuais e começou a investigar o assunto. Leu o livro de uma especialista e ficou convencida de que era uma dependente. Depois, descobriu os grupos anónimos de viciados em sexo e decidiu partilhar a sua história. "Cheguei sozinha à minha primeira reunião, que era exclusivamente masculina. Isto pode ser ou aterrador ou sexualmente estimulante para uma mulher. Precisava de um patrocinador, em relação ao qual não podia ter qualquer atracção, o que é um problema para uma mulher que entra numa comunidade maioritariamente masculina. Arranjei um patrocinador masculino que não estava interessado em mulheres".
O método dos 12 passo - em que o primeiro é a admissão de que existe uma dependência - resultaram numa "revolução espiritual" para ‘Mary’. Hoje diz que "para qualquer pessoa com adição há sempre o risco de recaídas", mas considera estar "mais apta a evitar os hábitos mentais de desenvolver fantasias ou um pensamento obsessivo".
Como em todas as adições, o reconhecimento do problema é fundamental. "No caso de se tratar de um pedido de ajuda por imposição de terceiros (família ou cônjuge), o processo terapêutico é de realização difícil, pois a pessoa não tem plena consciência da dimensão do problema, nem está mentalizado para um processo de mudança e introspecção", explica o psicólogo Vasco Catarino Soares, que já lidou com vários casos de adição sexual.
João, que gastou "pelo menos 20 mil euros, mas pode ser muito mais", nos anos em que vivia para o sexo com prostitutas, não vê grandes diferenças no comportamento de um viciado em sexo e um toxicodependente: "Desviei dinheiro, menti à família e amigos, fui desonesto com os outros e comigo mesmo. É tudo igual".
OS CINCO SINAIS DE ALERTA DA DEPENDÊNCIA SEXUAL
1. Toda a organização existencial está centrada no desejo ou apetite sexual. A pulsão de procura de estímulos sexuais leva a descurar obrigações laborais ou familiares.
2. A consumação do acto sexual torna-se um acto incontrolável pelo adicto sexual. Há uma incapacidade de interromper estes comportamentos.
3. Há uma experiência de prazer imediato narcisista e de breve prazo. A gratificação pelo acto sexual é negativa - só serve de apaziguamento do mal-estar psíquico.
4. Repetição reiterada do impulso, com intervalos curtos. O desejo pode nascer do stress, emoções negativas e estímulos como música, dança ou pornografia.
5. Verifica-se uma acumulação progressiva dos efeitos nocivos pessoais e sociais. Há um sentimento de culpa ou vergonha e incapacidade de manter relações estáveis.
O PADRE QUE AFINAL ERA UM PROSTITUTO
Samuel Martín, padre de Toledo (Espanha), caiu em desgraça. Primeiro vieram as suspeitas de desvio de dinheiro - faltavam 20 mil euros de donativos à igreja. Depois chegou a terrível explicação: o pároco tinha gasto esta quantia em chamadas para linhas eróticas, sites pornográficos e bordéis. Pior, Martín pôs anúncios em jornais em que oferecia serviços sexuais a troco de dinheiro. O padre está em tratamento e corre o risco de ser afastado pela Igreja.
PORNOGRAFIA NA INTERNET: A FONTE DE TODAS AS ILUSÕES
O padre anglicano “Charles2, de 40 anos, escondeu durante muito tempo um terrível segredo. "Passava todo o tempo livre a ver pornografia na internet. Tornou-se no principal foco da minha vida". Em Inglaterra os padres anglicanos podem casar-se e ter filhos, mas isso estava muito longe da mente de ‘Charles’. "Toda a minha visão das mulheres estava contaminada pela realidade fantasiosa que via na internet. Não conseguia ter uma relação normal com ninguém", conta à “ Domingo”.
Uma conversa com outro padre fê-lo perceber que não estava sozinho. Entrou num grupo de ajuda mútua e encontrou um ponto de equilíbrio na sua vida. Casou-se e tem dois filhos. Há dois anos que está “sóbrio”, mas não fala em cura: "Sei que vou ser um viciado durante toda a vida".
DEPENDENTE OU MERO OPORTUNISTA?
O maior prodígio da história do golfe tornou-se o bobo da festa das páginas cor-de-rosa. Um incidente doméstico revelou a vida dupla de um homem casado e com dois filhos: Afinal, Tiger Woods coleccionava amantes entre estrelas porno e acompanhantes de luxo. Anunciou que se ia tratar. Apontam-lhe o vício do sexo, mas há quem fale em mascarar uma vida de prazeres.
QUANDO O VÍCIO CRIA UM MONSTRO
‘John’ confessa por e-mail à “Domingo” a terrível realidade que já contou à família, amigos e vizinhos. "Durante anos lutei contra a atracção sexual por crianças muito jovens". Evita responder directamente se chegou a ter relações com menores: "Em resultado do que disse em terapia, fui abordado por um psicólogo forense, por ordem de um tribunal. Ele concluiu que eu tinha abusado de crianças no passado, mas graças aos esforços que fiz para me tratar já não represento um perigo para elas". Já foi espancado, há quem o evite, mas ele prefere contar tudo: "A honestidade é crucial para a minha recuperação."
"MUITAS VEZES NEM SE FIXA O NOME DO PARCEIRO SEXUAL" (Luís Duarte Patrício, Médico psiquiatra, foi director do Centro das Taipas, para tratamento de toxicodependentes. Tem larga experiência no campo das adições)
- Como se detecta que uma pessoa sofre de dependência sexual?
- A dependência verifica-se quando, na ausência de uma prática, surge o sofrimento da síndroma de privação. A adição não tem a ver com a quantidade de relações sexuais, mas com a sua qualidade empobrecida, tempo e energias despendidas. Pode levar a relações com desconhecidos, envolvendo, por vezes, sofrimento físico.
- Como se comporta um adicto sexual?
- Quando não consegue seduzir, manipula para conseguir ter sexo. Se não consegue, compra serviços. O sexo é sem sentimentos. Há intimidade física mas não psicológica. Muitas vezes nem se fixa o nome do parceiro sexual.
- É uma patologia mais associada a homens?
- Sim, é uma dependência normalmente associada a homens, mais novos e com alto poder de compra. Mas a mudança no estatuto da mulher, que se tornou mais liberta e activa na vida sexual, tem levado ao aparecimento de mais casos.
- Como é o tratamento?
- Há que tratar a eventual patologia que esteja associada, depressão ou outra. Também se podem usar medicamentos inibidores do desejo sexual. A supressão do comportamento aditivo não quer dizer total abstinência sexual, até porque, muitas vezes, estamos a falar de pessoas casadas ou com relações estáveis, que "abusam" devido à sua adição. O tratamento deve ser completado com sessões de psicoterapia.
CASOS
VICIADO: DAVID DUCHOVNY
O actor que se celebrizou com a série “Ficheiros Secretos” já esteve internado por causa da adição sexual. Agora brilha em ‘Californication’, sobre um homem que vive para o sexo.
ACTOR: CHARLIE SHEEN, O GRANDE SEDUTOR
O homem de quem se diz ter dormido com cinco mil mulheres já terá feito tratamentos.
VETERANO: MICHAEL DOUGLAS
Foi das primeiras estrelas a quem se colou o rótulo de viciado em sexo, o que ele negou mais tarde.
GOLFISTA: A QUEDA ABRUPTA DE TIGER WOODS
Apanhado em dezenas de relações extraconjugais, alegou sofrer de adição sexual.
NOTAS
INFIÉIS
A adição sexual conduz quase sempre a casos extraconjugais ou fora das relações existentes.
OBJECTO
Um adicto tende a ver os parceiros como objectos sexuais, sem estabelecer ligações afectivas.
CULPA
São frequentes sentimentos de vergonha ou culpa. O prazer só serve para atenuar a dor existente.
PARAR
O tratamento da adição passa pela abstinência sexual até se reaprender a viver com a sexualidade
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Fantástico!
Conheço alguém com estas características, sei lá se qualidade, se vício, se dependência. Desconhecia era o adjectivo substantivo masculino que os define: adicto.
Enfim, todos os dias aprendemos algo.
Ao ler e reler o artigo fico com a sensação da necessidade de redobrar o cuidado com as ofertas oportunistas de psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, técnicos da segurança social, conselheiros conjugais, enfim, todos os que têm um molde e procuram aplicá-los a todos.
Um adicto não é um fumador. Fumei durante vinte e oito anos. Deixar de fumar é fácil e não tem drama. Ouço entre amigos fumadores que deixar de fumar é difícil, terrível, horroroso mesmo. Ninguém consegue, e o melhor é nem tentar. Interiorizam como certo que vão passar por um processo de sofrimento, e mesmo que resistam uns meses a recaída é certa. Contraponho com a minha experiência e dia dezanove de Março próximo, farei doze anos sem tocar no tabaco, pese o facto de andar por ambientes que a isso convidam.
Quanto à cura da adição, parece-me ser mais difícil.
Ao ler que: O tratamento da adição passa pela abstinência sexual até se reaprender a viver com a sexualidade, a coisa complica-se.
É difícil a um adicto reaprender a disposição para ouvir em discurso directo a mulher, a companheira, a amiga, contar as últimas histórias do trabalho ou do dia, sem vontade de ligar a Tv, e de preferência com um sorriso terno rasgado até ás orelhas, e nunca lhes negando toda a razão do mundo. Tarde ou nunca, as mulheres, perderão o mau hábito, depois de um dia extenuante e de os miúdos estarem na cama, não terem dores de cabeça ou, no caso de as terem, acreditar que as endorfinas são terapêuticas.
O adicto prefere ficar só que andar a pedinchar ternura.
Mas o verdadeiro problema está na forma como o adicto encara o sexo:
Quando é bom, é excelente; quando é mau, é sempre bom.
E para agravar o problema, grassa por esse País oferta de qualidade, fruto da crise.
Como resistir?
Eis a questão.
Zé Morgas


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