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domingo, 19 de junho de 2011

Casal de Vale de Ventos

Parti para este meu primeiro passeio com o habitual grupo de companheiras e companheiros, na minha nova Kawasaki, 1400 GTR, sem saber o trajecto nem o local onde era o almoço. Vagamente, ouvira um companheiro dizer que era algures lá para a Serra dos Candeeiros.
Foi durante o pequeno-almoço no Celeiro Doce, que soube que era necessário levar o identificador de Via Verde, que de pronto fui buscar à minha garagem. De Grândola até Santarém o percurso seria feito por auto-estrada, apanharíamos depois a N 114 rumo a Rio Maior, com a primeira visita agendada ás seculares salinas de Rio Maior.
As salinas naturais de Rio Maior, situadas a 3 km da sede de concelho constituem um dos principais referenciais da localidade e são um orgulho para Rio Maior, por serem as únicas do género em Portugal ainda em exploração. Estas salinas estão consideradas como Imóvel de Interesse Público, no contexto do património cultural português. É assim que, do antiquíssimo poço das Marinhas do Sal, brota água salgada que abastece os 400 talhos, ou compartimentos, e os 70 esgoteiros, que ocupam 21 865 m2
A água desta nascente é sete vezes mais salgada que a água do mar, e era retirada com a ajuda de duas enormes Picotas ou "Cegonhas" há bem pouco tempo. Estes engenhos são um legado árabe com certeza, pois foram estes que os introduziram na Europa. Aliás, é de crer que os romanos, e depois os árabes, tenham explorado em grande escala estas salinas.
Aqui podem ser apreciadas as pirâmides de sal e todo o conjunto de casas típicas de madeira, que fazem das salinas naturais um museu vivo com mais de oitocentos anos. Recomenda-se a sua visita durante os meses de verão, pois só nessa altura é possível a formação dos cristais de sal.”…
Um lugar de visita obrigatório.
A observar as salinas, “entornámos” uma garrafinha de Vinho do Porto velho, e feitas as compras do costume, comprei uma peça de artesanato, para oferecer - expor na Tendinha do Gomes, um prato de barro, gravado com a:

Oração dos Cornos
Meu Deus, fazei com que eu não seja corno
Se eu for, que não saiba
Se eu souber, que não acredite
Se eu acreditar, que não veja
Se eu vir, que me conforme
Ámen

Estava chegada a hora de atacar as curvinhas da Serra dos Candeeiros com a minha nova Mota.
Pé da Serra, Alcobertas, Casais Monizes, Casal de Vale de Ventos, restaurante “Casa Velha”.
Com mesa já reservada, e escolhidos os restantes pratos, alguns tinham sido previamente encomendados, vá de dar ao dente, e começa de imediato o pessoal a atacar o pão, as azeitonas os queijinhos, e a pinga. Chegam entretanto à mesa as travessas com a comida, fartamente aviadas, bacalhau assado no forno, arroz de polvo, cozido à portuguesa...
Tudo impecavelmente confeccionado.
Um almocinho sem reparos, e o preço uma surpresa. Há muito que não comia tão bem por tão pouco dinheiro. Uma visita para repetir.
De Casal de Vale de Ventos, quando os dias estão límpidos, observa-se com facilidade o litoral, desde a Nazaré até ás Berlengas. Tivemos sorte, o tempo estava bom, apenas uma pequena névoa sobre o oceano, o que nos permitiu observar em beleza aquela fantástica paisagem.
Para fazer a digestão tranquilamente nada melhor que curtir mais umas curvinhas a rolar até Amiais de Baixo, ao coração do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, para conhecer a gruta do Alviela, nascente do rio Alviela, e a zona onde o rio conflui com a Ribeira dos Amiais.
Foi ali decidido o percurso de regresso: Amiais de Baixo, Malhou, Pernes, Póvoa de Santarém, Santarém, Almeirim, Coruche, Infantado, Pegões, Marateca, Alcácer do Sal, Grândola, Santo André, Sines.
Fiz uma viagem imaculada na minha nova Mota, cujas sensações deixarei para outros estados da alma, apenas com um pequeno desgosto.
Já na garagem, ao retirar da "top-case" o prato de barro que comprei nas salinas de Rio Maior, constatei que estava todo partidinho. Viajou muitos quilómetros, barbaramente montado por uma garrafa de água de litro e meio. Ámen à sua alma.
Votos de Boas Curvas
Zé Morgas

sábado, 11 de junho de 2011

Carta Aberta XXI - Sr. Presidente C.M.Penamacor

Eu sou beirão como vós, eu sei o que é o Portugal profundo e sei o que é sentir que a partir de hoje temos um monumento, que eu espero não seja apenas pedra dura mas um monumento vivo onde os avós tragam os seus netos e expliquem”
in Jornal Reconquista, pág. 24, 2011-06-09
Sr. Presidente
Estas palavras proferidas pelo presidente da Liga dos Combatentes, tenente-general Joaquim Chito Rodrigues, no discurso de inauguração do monumento Aos Combatentes do Ultramar, apenas dão mais sentido ás minhas preocupações relatadas na anterior Carta Aberta: 
A localização do recém inaugurado Monumento.
Já estou a imaginar grandes Passeios de Avós vergados pelas agruras da vida e pelo peso da idade, com as/os netinhas/netinhos pela mão, tão enérgicas/os quanto indefesas/os, a atravessar aquela rotunda em direcção ao centro, para ali ouvirem a história daquela escultura.
Um dia, “indesejadamente aconchegam um carro ao colo”.
Visto! Visto!
Foram vários carros no passado fim-de-semana, a parar em plena rotunda, condutores e ocupantes a saírem munidos de telemóveis e máquinas fotográficas, direitinhos ao monumento para fazerem os desejados registos para mais tarde recordar.
Vamos ter futuramente a autoridade a fazer o que lhe compete ao abrigo do cumprimento da lei:
Autuar quem transgride, estacionando, onde não deve, e…
Pelo muito observado está ali uma boa fonte de rendimento…
Sr. Presidente
Tal como assumiu no discurso proferido na mesma data foram cometidas muitas asneiras ao longo da nossa História”, e particularmente no nosso concelho um manancial delas. Ambos sabemos porque as conhecemos. De muitas já lhe dei conhecimento nestas minhas cartas abertas. De mais lhe darei conhecimento.
Urge agora e rapidamente corrigi-las.
Mude-se o local do Monumento, antes que aconteça alguma desgraça.
Faça-se um Stop ás lágrimas.
Sr. Presidente
Para quem diz saber o quanto é importante fazer mais com menos, para que o município na viva acima das suas possibilidades”, não consigo compreender com se esbanja assim dinheiro.
Tal como o mamarracho do Sumagral, é um faz, desfaz e volta a fazer, num concelho com tantas carências básicas por resolver.
Sempre ao Dispor
Zé Morgas